Aprendizados de uma grande viagem!
- Sai do Ninho
- 27 de jun. de 2016
- 10 min de leitura
Neste mês de Junho completou um ano que fui para minha linda e transformadora viagem e claro, sempre será um mês de muito carinho para mim. Diante disso, decidi então antes de compartilhar mais sobre minha vida com a hostfamily, contar um pouco dos meus aprendizados que essa trip me proporcionou.
A viagem no todo foi de quase 40 dias incluindo no roteiro Malta, Grécia e Itália, e foram os dias mais intensos e bem vividos que já tive! Nunca, em meus sonhos mais delirantes, eu poderia imaginar que uma viagem que não é tão longa se comparado a outros que viajam meses e/ou anos, porém longa dentro das minhas possibilidades e ao mesmo tempo rápida, pudesse ser tão preciosa e transformadora mesmo. Se eu pudesse comparar a algum curso, eu diria que foi um grande intensivão!
Eu tinha dúvidas como muitos tem, se um intercâmbio de 30 dias – período do meu curso em Malta – realmente valeria a pena, pois é pouco tempo para aprender/aperfeiçoar uma língua, mas posso te dizer que não e vale muito a pena. Se tratando de aprender uma língua, claro que é melhor se você puder ficar mais, porém 30 dias já pode melhorar e muito seu listening, seu vocabulário, perder o medo de falar, te estimulara querer estudar mais, ver a real necessidade do idioma, abrir sua mente, quebrar velhas crenças e muito mais!
Acredito que todo aprendizado é possível quando estamos abertos e atentos a cada movimento. A autoobservação tem um papel bastante importate nesse processo e por ter me colocado assim – em autoobservação – é que creio que consegui ver todas as fichas possíveis caindo e logo novos conhecimentos. Lembro que quando decidi ir para a viagem, mais do que ir para aprender inglês, conhecer novos lugares, determinei que queria me conhecer mais, queria voltar uma pessoa melhor, mais evoluida em diversos aspectos e assim foi.
Os desafios e aprendizados começaram antes mesmo da viagem, desde o planejamento, busca de informações, compra de moedas entre outros, afinal, acompanhar quanto uma moeda estava valendo, não era parte da minha rotina até então rsrs. Como a maioria das informações eram em inglês e o meu na epóca ainda era bem tunipiniquim hahaha, se tornou um desafio maior, porém ao mesmo tempo foi também período de receber muita ajuda. As dificuldades me colocaram diante de pessoas maravilhosas antes mesmo da viagem acontecer. Pessoas que me ajudaram na compra das passagens, dicas de roteiros, dicas de lugares para visitar assim como o que eu poderia fazer em cada lugar. Eu diria que foram verdadeiros anjos em minha vida e vieram para reforçar minha crença de que quando se quer o bem, o bem te quer também. Toda ajuda dada sem intenção “interesseira”, retorna genuinamente quando menos se espera e muito precisa, uma verdadeira corrente do bem! É muita gratidão!!!
Se for listar todos os aprendizados que tive, começo pelo:
RESPEITO
O certo e errado muda muito dependendo da sua cultura, religião e não cabe a nós julgar, somente respeitar. Lembre-se que não estamos em nosso país, por isso repeite as diferenças, as regras, os costumes, tudo. Tire as vendas do julgamento e permita-se!
Na casa dos meus pais nunca tivemos um horário certo para jantar, tudo dependia do dia da semana e da rotina. Quando fui para a viagem, morei em casa de família, porém lá o jantar era servido as 20h pontualmente e só iniciavam quando todos estavam a mesa. Eles me perguntavam como foi meu dia, o que eu tinha feito de bom, qual era meu plano para o dia seguinte entre outros. Era o momento do nosso encontro, das nossas trocas, era sensacional e esse lance do horário, bem como os hábitos deles, eu devia respeitar. Também era comum encontrar pessoas do mundo todo, de culturas bem diferentes, até muculmanas era comum encontrá-las nas escolas, nas ruas e sempre cobertas até o pé. Era diferente, olhar de curiosidade e não se inturmarem muitos, mas tudo bem, só nos cabia respeitar.
SUPERAR MEUS PRÓPRIOS LIMITES
Andar sozinha em países totalmente novos, com un inglês bem razoável ao meu ver, foi inesquecível. Fiquei feliz de mesmo ele não sendo o mais fluente, conseguia me fazer ser entendida, pegar informações de lugares para visitar, comer, comprar, trocar experiências, saber mais da cultura local, uau, nem acreditava que consegui hahaha.

Pausa para apreciar a vistae pedir ajuda haha.
O mais gostoso é quando você vai se desafiando ainda mais. O ápice foi quando cheguei em Santorini e aluguei um quadriciclo sozinha e fui conhecer a ilha durante todo um dia, já que o transporte público de lá deixa um pouco a desejar se comparado a Malta e também para quem tem pouco tempo para se conhecer a ilha e táxi, nem pensar, muito caro! Sair perguntando dos caminhos para os gregos, vendo placas gregas -algumas com nomes das praias em inglês (ainda bem) – numa estrada com algumas curvas, poucos comércios, muitos carros passando bem mais rápido que você hahah, porém repleta de lindas vistas, não tem preço. Aliás, tem sim, foi 25 euros o aluguel com seguro, porque vai que né hahaha. O bichinho era meio doido, ou velho hahaha, e algumas vezes não queria pegar, mas poder contar com a ajuda de pessoas gentis para dar vida a ele, me ajudar com informações, foi impar. Foi uma das melhores sensações de liberdade da vida! 😀

OUVIR E RESPEITAR SUA INTUIÇÃO
No fundo sabemos o queremos, mas não sei o porquê de muitas vezes não seguimos ou estamos tão atordoados com os barulhos externos que mal damos ouvidos para aquela que nunca falha: a velha intuição. Aquela voz baixinha que fala: humm, melhor você tomar cuidado! Vai por aqui ou por ali e até, não vai, fica aqui! Durante uma viagem ela pode te tirar de várias enrascadas, então, silencie e escute, ela não falha! Siga seu coração!!

Siga seu coração! Follow your heart! – Dingli Cliffs/Malta
VIAJAR SOZINHA = CONHECER MELHOR MINHAS FORÇAS E FRAQUEZAS
A correria do dia a dia só nos afastam de nós mesmos e uma viagem sozinha te possibilita reconectar. Por mais que tenha muitos lugares a visitar, todos eles assim como cada momento, as pessoas que cruzamos, as situações que vivenciamos, enfim tudo, te permite olhar mais para você, para seus sentimentos, seu comportamento e a partir dai, dessa autoobservação se conhecer mais, assim como se quiser mudar também aquilo que entende que não está legal.

Monte Etna – Sicília/Itália
Viajar com amigos é ótimo e também aprendemos é claro e eu também adoro, porém viajar só é aprender a lidar com você mesmo, com sua solidão e todos os demais sentimentos que o habitam. É olhar pra você sem máscaras, com verdade, enxergar seu verdadeiro eu, pois não tem mais ninguém ali para te destrair. É tomar posse de você, enxergar de verdade suas fraquezas que foram por tanto tempo maqueadas e então decidir como vai cuidar delas. Algumas, você nem sabia que tinha e podem até te surpreender no início, mas com compaixão por si, você aceita e cuida delas. É claro que também é se conectar com o que você tem de melhor e que foi perdido com o tempo ou você nem sabia que tinha e daí é se apropriar disso também, pois faz parte de você e se apropriar dessa sua parte boa, te deixará ainda mais forte!

Passeio para White Beach – Santorini/Grécia
MENOS É MAIS
Descobri que preciso de pouco para ser feliz.
Fazer malas simplistas te poupam muita energia para longas caminhadas. O mais precioso não são coisas, são momentos vividos, o que vamos deixar na humanidade, nosso legado, assim como o que vamos levar, mas chega ser curioso como esquecemos disso no dia a dia.
Eu sempre fui desapegada desse lance de marcas, status entre outros. Nunca fiz questão mesmo, o importante para mim é qualidade. Há algum tempo também ando cada vez mais simplista em minhas escolhas, menos vaidade e mais praticidade é o que andavam já me acompanhando e isso já fez com que eu levasse uma mala de 20Kg, quando poderia levar de 32 e mesmo assim já achei demais! Sabia que mesmo levando só que de fato achei que era necessário, acabaria não usando tudo e dito e feito. Levei calça jeans a mais com medo do frio, já que me falaram que na Ilha ventava muito né, só que nem usei (ainda bem) rsrs. Quando fui pra Grécia comprei uma mala menor, de 10 kg e de novo coloquei uma dass calças dentro, porque o medo do frio é tanto haha, mesmo sabendo que estaria calor por lá, vai QUE…hahah..de novo me lasquei carregando peso desnecessário e que raiva!
Lembro-me que um dia estava arrumando as malas, tentando encaixar tudo e olhava para aquelas coisas todas e me perguntava: pra quê tudo isso?? Minha vontade era de jogar a mala toda no mar e me livrar daquilo tudo, mas dai respirei fundo, dei um jeitinho, porém fiquei pensando em meus hábitos de consumo: Por que tudo isso se não uso? Por que compro tudo o que compro, preciso mesmo de tudo aquilo? Cabisbaixa, cheguei a conclusão de que não e então prometi para mim mesma que só compraria a partir de então só o que for realmente necessário.
Voltei bem mais simplista, menos consumista e prática também. Quando vou fazer as malas sempre penso quanto vou usar mesmo tais peças e quais se encaixam com outras e a mala dos 10kg sempre me acompanha, é meu parâmetro e tem funcionado. Peças simples e versáteis são sempre a minha escolha desde então. E compras, ficaram cada vez mais raras.
HOSTEL É MAIS INTERESSANTE
Nunca tinha ficado em hostel antes no Brasil, mesmo que eles já estavam bem comuns. Por uma questão de custo claro, pois são bem mais baratos que hoteis, quis ficar na viagem para saber como era, tinha uma grande curiosidade e queria experimentar tudo o que não tinha vivenciado por aqui até então e adorei!!!
Conhecer pessoas do mundo, pegar dicas de lugares, ter companhia para alguns passeios são alguns dos benefícios que mais gostei. Muitos são bem simples, os que fiquei todos tinham banheiro dentro do quarto que é compartilhado, com homem ou mulher, alguns tem festa de socialização o que é uma ótima oportunidade de troca também se você tem disposição, que não era meu caso. Eu chegava exausta dos passeios, além de super tarde e ainda tinha que rever o roteiro do dia seguinte para me programar, então não fui a nenhuma festa, mas conheci algumas pessoas no quarto e foi bem legal! Desde então, quando viajo no Brasil mesmo, sempre prefiro ficar em hostel. Mudei tanto minha cabeça que na volta para o Brasil vim morar em uma república com mais 11 pessoas.
No hostel você aprende a compartilhar, pois sempre que esqueceu algo, tem alguém que possa lhe ajudar, emprestar e você não precisa comprar. Sem falar na oportunidade de conhecer melhor a história de algum país por quem de fato mora lá,já que são muitas culturas num só lugar e a regra do menos é mais, continua imperando!
IMPORTÂNCIA DE FALAR OUTROS IDIOMAS
Quando comecei a estudar inglês alguns anos atrás, tinha uma visão muito micro e via o inglês apenas como forma de conseguir um emprego melhor, não sabia e nem imaginava todos os benefícios que poderia ter ao dominar essa língua e que vão bem além de um emprego, mas ninguém nunca tinha me falado, aliás, só minha amiga querida Nádia.
Falar inglês te possibilita mobilidade, permite levar sua palavra para milhares de pessoas e ir muito além do que se pode imaginar. É como se o mundo não tivesse fronteiras. Descobri, por exemplo, que temos muito mais informações no Google em inglês e claro, não é pra menos, já que é a segunda lingua mais falada do mundo, perdendo apenas para o Mandarim por uma questão populacional.

Marie (França), Eu, Lorena (Góias), Val (SP) – Valletta/Malta
Esses 30 dias me possibilitaram ampliar meu vocabulário, entender várias formas de falar inglês – os sotaques – ou pronúncias dependendo do país de origem e me fez voltar bem mais empolgada para dar continuidade aos estudos.

Native Bar – Eu, Fotinaki e Dimitra (Grécia) – Paceville/Malta
PLANEJAMENTO
Já ouvi diversas vezes que a melhor faculdade é uma viagem e claro que tenho que concordar, o que demorei tempo para aprender lá e em diversos cursos, na viagem foi bem rapidinho.
Muitos temos conhecimento da importância do planejamento para muitas coisas na vida e na viagem não é diferente, principalmente quando se tem pouco tempo, muitos lugares que quer conhecer e não tem asas para facilitar o transporte nem mesmo qualquer outro recurso mágico para também não ter que ficar horas nas filas de alguns do lugares, como no meu caso, o Coliseu, Vaticano e outros.

Vaticano/Itália – Olha um pedaço da fila para entrar na Capela lá atrás de mim…gigante!
Eu tinha apenas um dia e meio em Roma, então estabeleci como prioridade do meio dia, conhecer o Coliseu e já contava que ficaria horas na fila e ainda torceria para conseguir entrar, já que chegaria no meio da tarde. Porém graças aos encontros da vida com um amigo de viagem, Vitor, descobri que poderia comprar o ingresso antes com a diferença pequena do valor da portaria.

Amigo Vitor da dica de ouro hahah – Valletta/Malta
Uau! Como não tinha lido isso ainda nenhum blog, site nem nada? hahaha. Serei eternamente grata a essa informação que me permitiu conhecer mais pontos de Roma no mesmo dia e ainda não pegar fila hahah.
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AUTOCONFIANÇA
Perdemos tempo se comparando com o outro ao invés de buscarmos ser a nossa melhor versão e ai, muitas vezes acabamos nos depreciando tanto que não existe autoestima que resista, ela vai pelo ralo mesmo!
Se nós não nos aceitarmos, não nos conhecermos melhor e só nos menosprezarmos, quem é o outro para nos respeitar e cuidar se a gente muitas vezes não faz isso por nós mesmos? Ninguém é perfeito, somos diferentes e isso que nos torna únicos, por isso devemos lembrar disso, nos colocar em pé de igualdade e acreditar, confiar em nós mesmos. Nós podemos muito mais do que imaginamos, mas precisamos nos cuidar, nos valorizar e acreditar!!
A viagem nos mostra muito bem a beleza dessa igualdade. Ficamos vulneráveis também, mais abertos e quando isso ocorre e o outro se aproxima, vemos tudo isso com mais clareza. Enxergamos bem que juntos somos muito melhor!
Poderia listar mais aprendizados, mas acredito que esses já são suficientes para você entender um pouco do quão transformadora pode ser uma viagem desde que estejamos abertos, dispostos a receber e vivenciar as belezas dos encontros e desencontros que nos proporcionará belas histórias. Diante de tantas descobertas, a única coisa que posso então lhe desejar é: SAI DO NINHO, ótimas viagens e que em todas elas você vá aberto, para receber e apreciar todos os seus encantos e deixar sua vida florescer!

SAI DO NINHO – Perissa Beach – Santorini/Grécia
Com carinho,
Thais Barbieri
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